Depois da visita que fiz à psicanalista fiquei muito
pensativa.
Ela me fez algumas
perguntas sobre minha infância que me
fizeram lembrar de coisas que já trago comigo a muito tempo como por exemplo a
questão do sim e aceitação. Eu sempre aceitei as coisas que me eram impostas,
na maioria das vezes fiquei calada, eu cheguei a contar um episodio para ela de
uma roupa que eu não suportava quando eu era criança e minha mãe amava me
vestir com ela, eu nunca falei para ela que não gostava e nunca nem tentei
tirar eu simplesmente aceitava.
A medida que fui crescendo as coisas não ficaram
diferentes, eu sempre fui de baixar a cabeça, aceitar, concordar e preferir
fugir da situação a ter que enfrentá-la. Corroía-me, mas não contestava, sofri
muito e ainda sofro por suportar coisas que não me dão o mínimo que é a
dignidade. Antes eu simplesmente me sentia fraca, um lixo por não conseguir
lidar e esperar que a situação melhorasse e não melhorava.
Hoje em dia tão
pouco consigo lidar, mas pelo menos já entendo o por que. Eu sempre tive medo
de não agradar, de se afastarem de mim, medo de ser o que pessoas próximas de
mim falavam a meu respeito e eu acabava acreditando... Acreditava que era
esquisita, que era feia, desagradável e muitas outras coisas que me machucavam
e ainda me machucam muito.
É claro que sempre
tive uma consciência de que eu era diferente, mas não conseguia descrever como.
Mas por exemplo eu sempre fui muito intensa de fazer grandes amizades rápidas e
surpreender com mimos e coisas legais de dar muita atenção a ponto de incomodar
o outro, sempre fui de escrever muitas cartinhas às vezes eu exagerava tanto
que depois sentia vergonha de todo aquele esforço frenético em querer fazer a
pessoa reparar em mim.
E aí passava se um
tempo e aquelas amizades murchavam meu interesse se dissolvia ora pela minha
instabilidade de humor, ora pela reatividade a palavras mal colocadas e
dirigidas a mim ou mal interpretadas por mim, ciúmes que faziam com que eu me
afastasse ou falasse um monte de besteira para a pessoa, às vezes isso era tão
forte que eu queria até machucar a pessoa ou pelo menos sentir vontade de que
ela sofresse um pouco. E quando eu pensava assim me sentia mal por que parecia
que eu nunca amei ninguém, ou nunca conseguiria amar, por que quem ama não se
agrada do sofrimento de quem se ama.
Eu nunca tive o
sentimento de ser amada sei que tem pessoas que gostam de mim, das coisas que
sei, das coisas que faço, das coisas que tenho, de como eu converso, da ajuda
que presto sempre que posso. Mas e se eu não tivesse mais nada disso para
oferecer, será que elas ainda gostariam de mim? Duvido muito! Tenho muitos pensamentos
de que as pessoas querem e se aproveitam de mim, me sinto boba, idiota e vazia.
Um grande motivo para continuar a terapia.
Aproveito para
agradecer a todos que me visitam, sejam vocês Borders ou não continuem lutando,
obrigada pela força.
Até mais!
Oi, querida, esse texto me fez chorar porque me lembrou do inferno que foi minha adolescência por causa dessa personalidade borderline... tudo isso que você relatou eu também senti. Achava que eu não era digna de viver e nem merecia ser feliz, fazia tudo o que esperavam de mim, sentia tudo em exagero e interpretava tudo mal o que acabou me deixando sem amigos por muitos anos. Mas estou aqui, com 28 anos, ainda borderline, mas tentando continuar a luta, porque eu acredito que isso vai ter um fim. Força!
ResponderExcluirhttp://diaadiadadepressao.blogspot.com.br/
Esses sentimentos são cruéis, mas eu assim como você escolhi lutar. Obrigada por seu comentário!!!
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